quarta-feira, 4 de abril de 2012

UMA OPOSIÇÃO INSOLENTE E TELEGUIADA A PARTIR DE LISBOA

Somos de opinião que uma boa Oposição é tão útil e necessária como um bom Governo. Seja à direita, à esquerda ou ao centro.

Ambos - Governo e Oposição - devem ter como objectivo último a defesa das populações e do território onde exercem a sua nobre actividade politica.

Infelizmente nem sempre esta premissa se verifica, quer por parte dos governantes, quer por parte da Oposição, ou das oposições como expressão plural da nossa sociedade.

Com a aproximação das eleições legislativas açorianas - lá para o mês de Outubro, apesar de ter havido pr'aí uma iniciativa terceiro-mundista, para as antecipar - o debate politico-partidário está ao rubro e já se vive em verdadeiro clima pré-eleitoral.

A esta distância já estão posicionados os principais contendores, e que, dentro das actuais contigências constitucionais e estatutárias, vão concorrer à governação desta «região autónoma».

Desde já declaramos que não estamos alinhados partidariamente com nenhum partido de base nacional portuguesa, até porque não podemos nem podíamos alinhar por outras formações partidárias ou movimentos de base regionalista/autonomista/independentista, conforme estipula a CRP das «amplas liberdades», coisa inédita na União Europeia e na Europa do séc.XXI.

Feita esta declaração de interesses, ficamos livres para criticar, denunciar, reclamar, apoiar ou aconselhar, todos aqueles e aquelas que vão concorrer a estas eleições.

O nosso compromisso, ou melhor, o nosso partido chama-se Açores, e é a este desígnio que devemos lealdade e obediência.

Posto isto, é com muita tristeza e amargura que venho acompanhado as actividades politicas do principal partido da oposição parlamentar e que, a propósito de desgastar o actual Governo dos Açores e o partido que o sustenta, tem pautado a sua actuação por um ataque desmesurado aos nossos próprios interesses regionais.

O caso da famigerada dívida - geracional, segundo a nova doutrina, ainda não sancionada pelas pelas melhores escolas de economia e finanças públicas - despoletada, agitada, fabricada e empolada pela liderança desse partido (líder e deputados) tem sido duma irresponsabilidade total , com evidente alarme social e com consequências ainda por mensurar.

Desde Maio de 2011 foi posto a circular - a propósito de grandes investimentos estruturantes que estavam em curso (scuts rodoviárias; hospital e infra-estruturas portuárias) - a notícia duma mega dívida - que inicialmente foi orçada em 2.500 milhões e que no início deste ano já ia em 3.300 milhões...

Ora, esta dívida geracional, segundo a fraseologia pseudo-técnica utilizada, não é mais do que a prospectiva das futuras responsabilidades financeiras nas próximas três décadas e que se destinam a pagar tão imponentes como fundamentais investimentos.

Uma coisa é dívida vencida - como são os casos da Madeira, das enormíssimas dívidas das empresas públicas nacionais, das Autarquias Locais, de várias Estruturas do Estado Central e da própria República; outra coisa são responsabilidades financeiras (dívida futura) a vencer-se num espaço temporal apreciável e com comprovada sustentação em receitas ou proventos futuros.

Pois, se temos de contabilizar as responsabilidades financeiras futuras, então por maioria de razão devemos contabilizar as receitas futuras, para que possamos equacionar devidamente e tirar as devidas ilacções.

Ora, a líder da delegação nos Açores desse partido nacional assim como os respectivos deputados regionais, transformados em autênticos cabos eleitorais (a necessidade obriga!) têm feito uma narrativa dramática desses números e com isso têm prejudicado manifestamente os Açores, como entidade autónoma que felizmente goza de bom nome.

Toda esta narrativa não é inocente, e não será dificil adivinhar que ela esteja incluida num caderno de encargos e num guião elaborados a partir de Lisboa, nomeadamente a partir da sede desse partido nacional e de todos os quadrantes centralistas que nutrem um ódio indisfarçável à Autonomia dos Açores e às suas reinvindicações seculares.

Se dúvidas houvesse, basta acompanhar os comentadores das televisões portuguesas (onde pululam ex-ministros do actual PR e de governos da actual maioria, e mesmo do partido irmão que governa os Açores ) para constatarmos as referências ofensivas e injuriosas que vomitam contra nós.

Infelizmente, o maior partido da oposição parlamentar açoriana, tão cedo se livrará desta fama, e por muitos anos terá aposto no seu emblema tão ruim anátema.

Resta dizer também que os deputados açorianos (da maioria e das oposições) são pagos - e muito bem pagos! - pelos contribuintes açorianos, e são a estes que devem lealdade, e não a forças e entidades externas.

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