quinta-feira, 19 de abril de 2012

DIPLOMACIA AÇORIANA, UMA DIPLOMACIA COM ALMA E IDENTIDADE

A recente viagem do Presidente do Governo dos Açores e respectiva comitiva, a convite do Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul, a propósito do 260º Aniversário do Povoamento do Rio Grande do Sul pelos Açorianos, saldou-se num assinalável êxito.

Não o utilitário êxito das trocas comerciais ou financeiras, mas o êxito das trocas de afectos e de laços históricos e de reconhecimento e homenagem a um pequeno arquipélago insular que deixou na vastidão das terras austrais do Brasil a sua marca identitária e o seu sangue.

Foi assim no Rio Grande do Sul, como já tinha sido no Uruguai, no Ontário, no Quebec, na Califórnia, na Nova Inglaterra, nas Bermudas ou mesmo em Cabo Verde.

Ao contrário da diplomacia portuguesa actual - que está mais interessada em vender pastéis de nata do que em defender os seus cidadãos a residir ou a trabalhar no estrangeiro - os Açores, através dos seus orgãos de governo próprio, e mesmo através das diversas autarquias e embaixadas culturais da sociedade civil, empreendem uma diplomacia (ao seu nível, entenda-se) onde a Herança Cultural, a História, o Intercâmbio Cultural, o Turismo e a partilha de experiências são denominadores comuns.

Bem sabemos que há outras áreas para promover e explorar, nomeadamente as trocas comerciais e o investimento externo, mas estas terão melhor desempenho, quando o relacionamento dos Açores com esses territórios de proximidade cultural e sanguínea for cada vez mais natural e alicerçada em projectos comuns.

Infelizmente, há quem, entre nós, nos Açores, não compreenda a verdadeira dimensão deste tipo de diplomacia e de intercâmbio.

Foi o caso do maior partido da oposição nos Açores - o PSD - que através do seu grupo parlamentar solicitou ao Governo dos Açores informações sobre os gastos desta visita do PdGA a convite do próprio Governador, Tarso Genro.

É de facto desprezível, mesmo considerando que se vive em estação pré-eleitoral, criar atritos e questiúnculas com a deslocação dum titular dum Orgão de Governo Próprio do nosso arquipélago.

Se é compreensível criticar ou sindicar qualquer titular do nosso organigrama político quando este está no exercício das suas funções executivas ou políticas, já não é aceitável que se ataque de forma grosseira e soez esse mesmo titular quando este está em viagem de representação e em nome dos Açores.

Mais uma vez, este partido - o PSD nos Açores - que já nada tem a ver com a geração de autonomistas que implantaram esse partido nos Açores! - foi trauliteiro, mesquinho e desrespeitou os orgãos de governo próprio, democraticamente eleitos.

Enquanto este PSD, seguidista e serventuário dos seus patrões de Lisboa, critica a viagem do PdGA, que é actualmente Carlos César, mas podia ser outro cidadão qualquer, não critica nem criticou uma recente e mui folclórica visita do PR aos EUA, e que na opinião dum conselheiro das Comunidades Portuguesas em Newark -e a propósito da polémica dos vistos de emigração para os EUA - essas viagens não servem para nada, pois a unica coisa que vêm cá fazer (aos EUA), o PR e o MNE, «é gastar dinheiro e passear».

Nunca pensámos que em vida eu iríamos assistir a tanta intriga, maledicência e desconsideração por parte dum partido que ambiciona ser poder nos Açores.

Estamos cada vez mais desconfiados que alguém, a partir do exterior, anda a financiar e a pagar esta propaganda negativa e que já teve vários episódios...

2 comentários:

  1. Onde é que já vi este filme? Ah! já me lembro... foi em 1996, só que os protagonistas eram de cores trocadas.
    O PdGA então visitou as comunidades Portuguesas-Açorianas no Brasil, onde o PS não viu nenhuma diplomacia com alma e identidade, crucificou o repreentante dos Açorianos.
    Em ambos os casos critiquei as visitas, não é em final de mandatos que se fazem viagens destas, cheira sempre aos últimos aproveitamento de quem está no poder, mas a admiração do Milhafre a César, a que me habituei, ficou clara: se for uma visita oficial do líder socialista Açoriano - é diplomacia com alma; se for de membros do governo laranja e azul da república é folclórica.

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  2. Não me recordo dessa viagem de 1996 (estava a trabalhar no estrangeiro), mas penso que era PdGA o Sr. Madruga da Costa.

    Todavia, se essa viagem foi no âmbito do relacionamento institucional entre os Açores e o Rio Grande do Sul, obviamente que as críticas ou a censura do partido da oposição da altura (o PS) foram manifestamente despropositadas, como acontece agora, com protogonistas diferentes.

    No caso presente, 0 260º Aniversário do Povoamento RGS pelos Açorianos, calha neste ano eleitoral, pelo que insinuação de V. Exª. sobre um eventual «aproveitamento» de quem está de saída, é ridicula.

    Por outro lado, o signatário informa que não é "socialista"; nem tem nenhuma "procuração" para defender César e a única coisa que defende são os Açores e apoiará todos aqueles defendem os superiores interesses dos Açores, inclusivamente apoiaria a Drª Berta Cabral nalguns items, designadamente se ela rompesse definitivamente com a estratégia que Lisboa tem para «entalar» os Açores ou que viesse a denunciar o comportamento do PR em relação aos Açores.

    Embora seja um homem de Fé, não acredito que a Drª Berta Cabral se converta repentinamente à nossa Bandeira...

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