Fazendo fé nas imagens que entravam em nossa casa através dalguns canais de notícias, por uns momentos parecia que todo aquele inaudito espectáculo se passava em Port-au-Prince, no Haiti ou nalgum país que estivesse em vesperas de entrar num qualquer guerra.
É verdade que em todos os países - e designadamente nos países campeões da sociedade de consumo (EUA, Reino Unido, Brasil) - este tipo de campanhas de descontos e de saldos é muito frequente, mas são realizadas com alguma organização, agendamento e previsabilidade, até por uma questão de segurança, quer dos clientes, quer dos trabalhadores e também dos próprios estabelecimentos.
O que aconteceu no dia 1 de Maio - para além de ser uma provocação gratuita ao dia sagrado dos trabalhadores - foi uma operação que roçou o terrorismo comercial e recheada de ilegalidades conforme já detectadas pelas autoridades de fiscalização.
Mas o mais impressionante nesta operação comercial foi ver um país - Portugal, de norte a sul - assustado pelo dia de amanhã e que pulou da cama para se abastecer com alguns quilos de arroz, bacalhaus, frangos e até whisky, conforme rezam as crónicas.
Onde alguns pseudo-intelectuais de estrebaria (com um tal Villaverde Cabral) viram um golpe de genialidade ou como alguns bloguers e comentadores a recibo-verde viram uma manifestação de liberdade económica e de consumo, nós vimos o retrato fiel dum país, dum povo, duma governação e de um certo alto patronato.
Um país devastado e cheio de medo; um povo resignado, vencido e domesticado; uma governação aventureirista e de badamecos; um alto patronato, explorador, ressabiado, reaccionário e sucialista.
Enfim, uma autêntica miséria.
Felizmente nos Açores, estamos ainda livres desses espectáculos degradantes para a condição humana, e promovidos por provocadores e até por uma organização que é propriedade dum tipo que tem no seu cartão-de-visita a condição de «católico, vamos a casa...»...
Por acaso esteve presente na feira de liquidação total do SOLMAR?! Senão esteve, então não assistiu ao degradante espetáculo de compras desenfreadas e 4 hras em fila de espera... para pagamento.
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