sábado, 5 de maio de 2012

OS DONOS DE PORTUGAL



Recentemente a RTP2 emitiu um documentário histórico com o título «Os Donos de Portugal», da autoria de Jorge Costa, e que faz uma breve retrospectiva da economia em Portugal e em especial do domínio e influência das principais famílias burguesas e capitalistas, desde os finais do século XIX até à actualidade.

Descontando alguma carga ideológica que poderá ser apontada a este documentário, a verdade é que são elencados uma série de factos históricos e políticos que foram determinantes para a consolidação, protecção e expansação do poder das principais famílias da aristocracia financeira, industrial e comercial de Portugal.

Gerações inteiras destas famílias passaram incólumes e impunes, durante muito tempo, desde a Monarquia Constitucional, a I República, o Estado Novo até próprio regime democrático saído do 25 de Abril.

Este documentário revela muito bem como essas famílias - os Donos de Portugal - têm sobrevivido em todos os regimes, e em especial nestes dois últimos: no Estado Corporativo de Salazar e Caetano e no Estado Social da III República.

Em todos estes regimes - corporativo e democrático - as famílias que compõem o restrito clube dos Donos de Portugal, contaram com a protecção do Estado, com a conivência das respectivas classes politicas e aproveitaram até ao último tostão todos as benesses, benefícios fiscais e financeiros concedidos pelo Estado, enquanto este, rapinava (e continua a rapinar) brutalmente os contribuintes/cidadãos deste desgraçado País.

Por inerência de funções, muitos desses Donos de Portugal, têm sido também donos dos Açores (da sua economia, banca , investimentos, propriedades,etc).

Ao longo dos séculos (e já vão quase seis!!!!), os Açores e os Açorianos têm sido espoliados, quer por via fiscal, quer por políticas estatais de condicionamento industrial ou de protecção dos monopólios com sede em Lisboa, por estas famílias, grupos ou corporações com sede no eixo Lisboa/Cascais/Estoril e que contando com a protecção dos governos centralistas e colonialistas da Metrópole (independentemente dos respectivos regimes) também têm sugado os Açores e muitas vezes condenaram os Açorianos à fome, emigração e subdesenvolvimento.

Perante a nova realidade dos factos e dos novos enquadramentos politicos e económicos do Mundo em que nós estamos inseridos, há que quebrar este enguiço e gradualmente deixar que os Donos de Portugal não sejam os Donos dos Açores, quer por herança, quer por sujeição a leis que são contrárias aos nossos interesses e à Sociedade Açoriana.

Um documentário bastante didáctico e que explica muito bem como é que os contribuintes têm que fazer sacrifícios para que as grandes famílias que mandam efectivamente em Portugal não soçobram...

E ainda, no final do ano passado, ficámos atónitos quando deputados da Nação, eleitos pelos Açores, concordaram e contemporizaram com a cobrança da sobretaxa extraordinária aka roubo ao subsídio de Natal e que a mesma revertesse a/f dos cofres centrais, certamente para pagar os «encargos gerais da Nação», entre os quais estão as elevadas rendas vitalícias às famílias donas de Portugal.

Claro, enquanto nos Açores houver deputados (?) com esta percepção, nunca passaremos duma colónia às ordens...

1 comentário:

  1. vi o documentário outro dia, e realmente foi um abrir de olhos. Estes fdp andam a rapinar tudo.
    cumprimentos,
    Nuno H Pimentel

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