sábado, 31 de março de 2012

AZORES FESTIVAL CHOIRS

No Teatro Micaelense, na cidade de Ponta Delgada, inicia-se hoje o AZORES FESTIVAL CHOIRS, tendo como convidado especial o conhecido maestro António Vitorino d'Almeida, ele próprio descendente de açorianos.

O concerto de abertura está a cargo da Associação Musical Açoriana Vox Cordis com a apresentação duma compilação de músicas norte-americanas sob a epígrafe «For Ever».

Até ao dia 6 de Abril participam ainda o «Coro Sinfónico Lisboa Cantat», com apresentação do espectáculo «Alma de Gente», baseado em canções regionais portuguesas e o coro Amici Musicae de Leipzig (Alemanha), que apresentará um espectáculo sob a epígrafe «From Leipzig to You», com um reportório assente em obras de música clássica.

No dia 6 de Abril os três coros reunem-se no Teatro Micaelense e encerrarão o Azores Festival Choirs, interpretando em conjunto o 1º e o 4º movimento da «Sea Simphony« de Vaughan Williams.

Mais um evento musical que coloca os Açores na rota dos grandes acontecimentos culturais europeus.

A não perder.

segunda-feira, 26 de março de 2012

ANATOMIA DUMA VENDETTA (I)

Já não constitui novidade para ninguém que desde a comunicação televisiva do PR num fim duma tarde de Verão (31.07.2008), pela qual Sexa alertava Portugal para as ousadias previstas no então Estatuto de Autonomia dos Açores (votado por unanimidade na ALA, saliente-se...), que o relacionamento da República com os Açores e vice-versa sofreu alterações profundas.

Nessa comunicação o PR afirmou que alguns artigos desse Estatuto punham em «risco sério o equilibrio institucional».

Nessa data o signatário encontrava-se no estrangeiro e foi através da EuroNews que tomámos conhecimento dessa comunicação e das suas consequências imediatas.

Por uns instantes - tal era a gravidade do momento e o semblante cerrado do respectivo orador! - pensei que os meus Açores tinham declarado unilateralmente a independência.

Hoje, quando confrontamos esse momento e os motivos evocados e elencados para anunciar o famigerado veto politico ao Estatuto, ficamos deveras perplexos e estarrecidos, com o que aconteceu a partir daí , e em especial nestes últimos tempos onde tem havido pontapés a eito na bucólica e tão mal tratada Constituição da República Portuguesa.

A verdade é que a partir desse momento as contradições do poder politico em Lisboa (maioria governamental e oposições) e as fintas institucionais entre os diversos orgãos de soberania (PR, AR e Governo Central) acentuaram-se , tendo como consequência imediata a ruptura dum consenso que tinha sido alcançado nos Açores.

Lembramos em especial a posição que os apoiantes do PR nos Açores assumiram a partir desse veto.

De apoiantes incondicionais do Estatuto, os cavaquistas locais começaram a roer a corda e progressivamente foram aderindo às teses do PR, transportando este facto politico para a luta politica interna nos Açores, fragilizando a nossa posição em relação à República.

Nunca fomos entusiastas desta Autonomia, todavia não deixamos de reconhecer que para atingirmos pacifica, democrática e conscientemente um grau superior de autonomia ou de auto-determinação, é necessário percorrer uma longa caminhada (step by step).

E o que sucedeu a partir desse momento foi a paragem nesse processo, ao qual alguém já o tinha apelidado de progressivo.

Inclusivamente, o Estatuto foi expurgado da expressão jurídica «Povo Açoriano», como as pessoas que aqui nasceram, viveram, defenderam estas ilhas e que construiram uma identidade própria, fossem confundidas com os habitantes dalgum subúrbio continental (com todo o respeito que temos por eles!) e que como sabemos não têm raízes históricas ou culturais ao lugar.

E foi a partir desse momento que os bloqueios institucionais, associados à eclosão da grave crise económica e financeira que ainda estamos a viver, foram surgindo paulatinamente nos Açores e contra os Açores.

Não é por acaso que a partir dos finais de 2008 até à actualidade, temos vindo a assistir a uma crescente animosidade contra os Açores; a uma inveja da nossa autonomia e da nossa maneira de viver e a uma crescente agit-prop, alimentada por algumas instituições nacionais, por muitos grupos de comunicação social e em especial muitos comentadores (ex-governantes e não só..) com avença em dia.

Infelizmente, nessa guerra montada e planeada contra os Açores, houve a colaboração e a participação de muitos dos nossos conterrâneos.

(cont.)


Figura: Mapa-mundi com as rotas marítimas percorridas pelo nosso navegador solitário, Sr. Genuíno Madruga, numa das suas viagens de circum-navegação.

domingo, 25 de março de 2012

UMA NOVA OFENSIVA CONTRA OS AÇORES JÁ ESTÁ EM MARCHA


As reinvindicações autonómicas dos Açores nunca foram bem vistas pelos centralistas/colonialistas de Lisboa e pelos seus cúmplices e colaboracionistas de cá.

Basta recordar os acontecimentos que sucederam após o 25 de Abril; a manifestação de 6 de Junho; o Verão Quente de 1975; a outorga em 1976 duma autonomia minimalista e altamente vigiada por Portugal; a proibição na CRP de partidos regionais/independentistas/nacionalistas ou associações cívicas desta natureza ; os abundantes conflitos institucionais com os ex-Ministros da República; a guerra das bandeiras; a doutrina centralista trazida pela ascenção do cavaquismo em Portugal nos finais da década de 80 e que perdura até aos nossos dias; os recentes conflitos com o PR a propósito do Estatuto e outras minudências até às recentes investidas centralistas protogonizadas pelo actual governo de Lisboa e que vêm muito bem embrulhadas com o papel da troika e da famigerada crise.

Se os Açores usufruem dum Estato de Autonomia - mitigada e minimalista, é certo - foi porque uma geração de açorianos lutou e deu o peito às balas.

Nada nos foi concedido de mão-beijada. Foi preciso muita luta, muita reinvindicação e muita persistência.

Basta recordar aos mais novos que ainda há pouco mais de 30 anos era necessário uma guia alfandegária para o transporte de mercadorias entre ilhas e quase todos os processos administrativos eram despachados em Lisboa.

Durante mais de cinco séculos, Portugal abandonou estas Ilhas à sua sorte. Fomos explorados, humilhados e rapinados fiscalmente.

Mesmo durante estas três décadas de autonomia, muitas foram as tentivas de cercear e condicionar as nossas prerrogativas autonómicas, principalmente pelo domínio financeiro.

Actualmente - e com o pretexto da gravísima situação financeira que se encontra Portugal - os arautos do centralismo e da anti-autonomia já se fazem ouvir em diversos fóruns de Lisboa e arredores.

É já um tique clássico dos centralistas de Lisboa (desde há muitos séculos), quando Portugal se encontra à beira do abismo, os primeiros a sofrer são sempre os mesmos: as ilhas, as províncias continentais do interior, as autarquias e os grupos sociais mais vulneráveis.

Não é de estranhar, portanto, que dentro dos próximos dias e meses, venha a intensificar-se uma poderosíssima campanha contra os nossos direitos autonómicos adquiridos, contra os nossos orgãos de governo próprio e inclusivamente contra os nossos direitos históricos reconhecidos universalmente a cada Povo.

Os centralistas querem a todo o custo que os Açores se vergam a Lisboa como aconteceu e está aconteceu com a Madeira, como este fim-de-semana tivémos ocasião de verificar, onde a liderança politica madeirense foi domesticada e docilizada.

Resistir aos centralistas e colonialistas de Lisboa é tarefa que deve animar qualquer Açoriano de boa vontade.

Vamos estar vigilantes.

TERMO DE ABERTURA


Azores Forever é um espaço público vocacionado para defesa intransigente dos Açores e do Povo Açoriano, o qual deve exercer a sua soberania sobre estas nove maravilhosas Ilhas e sobre o seu vasto Mar oceânico.

Aqui apresentaremos regularmente opiniões, reflexões, estudos e documentos relacionadas com os Açores, dentro duma óptica eminentemente açoriana e animados pela epígrafe que guiou os primeiros Autonomistas nos finais do Século XIX : «Livre Administração dos Açores pelos Açorianos».

Não nos move qualquer motivação partidária ou restritamente ideológica.

O que nos move fundamentalmente é o nosso grande amor por esta terra abençoada por Deus e a defesa da nossa Cultura, História, Tradições e Identidade dum Povo que habita esta área do Atlântico Norte há mais de cinco séculos.

Aqui não falamos mal dos Açores. Contudo, não nos calaremos contra as injustiças que vão sendo praticadas (principalmente aquelas que vêm do exterior) e contra todos aqueles que não respeitam os nossos Direitos Históricos e Culturais.

Os Açores actualmente estão numa encruzilhada histórica e quandoalgumas entidades, alimentadas a partir do exterior pretendem pôr a «pata» sobre a nossa Terra e o nosso Povo, o nosso Dever é estarmos alertas e vigilantes.

Afinal de contas, Acima dos Açores Só Deus!